O deputado estadual Rodrigo Lago ingressou com uma ação popular contra o secretário de Comunicação do Estado, Sérgio Macedo, alegando promoção pessoal do governador Carlos Brandão em ações publicitárias custeadas com recursos públicos. A peça, protocolada na Vara de Interesses Difusos e Coletivos, sob responsabilidade do juiz Douglas Martins, argumenta suposta violação aos princípios da impessoalidade e moralidade na publicidade institucional do governo estadual. No entanto, os mesmos atos agora questionados por Rodrigo Lago foram amplamente praticados por ele próprio durante os anos em que ocupou cargos de destaque na gestão do ex-governador Flávio Dino.
Durante os dois mandatos de Dino, Rodrigo Lago assumiu diversas funções estratégicas no Executivo estadual. Foi secretário de Transparência (2015 a 2018), chefe da Casa Civil (2018), secretário de Articulação Política e Comunicação (2019 a 2020), e secretário de Agricultura Familiar (2021 a 2022). Além disso, presidiu a Companhia de Gás do Maranhão (Gasmar) entre 2018 e 2019. Em todas essas funções, participou ativamente de ações com forte conteúdo de promoção institucional e pessoal da gestão Dino.
Ações como o programa Minha Casa Melhor, com distribuição pública de cartões e sorteios transmitidos ao vivo nas redes sociais, contaram com a presença constante de Flávio Dino e de secretários, incluindo Rodrigo Lago. O mesmo ocorreu no lançamento de programas como Maranet, Mais Asfalto e na distribuição de cestas básicas oriundas da agricultura familiar, esta última coordenada pela SAF, pasta que Rodrigo também comandou. Em um dos exemplos mais claros, o então secretário adjunto Ivaldo Rodrigues divulgou nas redes sociais a compra de produtos da agricultura familiar para compor cestas básicas, em material amplamente veiculado pelo governo estadual com destaque para os rostos e nomes dos gestores envolvidos.
Apesar desse histórico, a ação popular assinada por Rodrigo Lago tenta imputar responsabilidade exclusiva à atual gestão por atos semelhantes. A petição inclui, inclusive, conteúdo publicitário do PSB, partido do qual o deputado é integrante, o que levanta suspeitas sobre a motivação política da ação.
O secretário Sérgio Macedo deve reagir à investida judicial e prepara ação contra Rodrigo Lago por litigância de má-fé, sob argumento de que a peça tem objetivo político e tenta enganar o juiz Douglas Martins ao omitir jurisprudência e ignorar o histórico recente do próprio autor.
Nos bastidores, a ação é vista como uma manobra política com alvo indireto no secretário de Articulação Política, Orleans Brandão, sobrinho do governador e potencial pré-candidato à sucessão de Carlos Brandão em 2026. Ao mirar no que classifica como promoção pessoal, Rodrigo Lago tenta atingir Orleans e desgastar a imagem do núcleo político mais próximo ao governador.