Home Maranhão De como Camarão se fritou…

De como Camarão se fritou…

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Felipe Camarão, atual vice-governador do Maranhão, era apontado como o sucessor natural do governador Carlos Brandão. O roteiro parecia escrito: Brandão deixaria o cargo em abril de 2026 para concorrer ao Senado, e Camarão assumiria o governo, disputando a reeleição com o peso da máquina estadual. Foi o mesmo caminho que Brandão percorreu em 2022 ao suceder Flávio Dino.

Mas algo saiu do script. Camarão parece nunca ter compreendido a discrição exigida de um vice-governador. Faltou-lhe a serenidade para desempenhar um papel de coadjuvante estratégico, e sobraram falas fora de hora. Pior: cercou-se de conselheiros que o afastaram ainda mais do centro de poder.

Entre eles, destaca-se o deputado federal Márcio Jerry, figura polêmica e considerada nos bastidores como “coveiro político” por seu histórico de acompanhar gestões que acabaram em ostracismo — como as de Jomar Fernandes e Teresinha Fernandes, em Imperatriz. Jerry alimentou em Camarão a crença de que Flávio Dino, ex-governador e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal, teria influência suficiente para forçar Brandão a entregar o governo.

Essa leitura, no entanto, mostrou-se um erro crasso. Dino, afastado do jogo político pelo novo cargo, não interferiu. E a postura beligerante de Camarão apenas fez o governador ligar o “desconfiômetro”. Resultado: Brandão não renunciará em 2026 como previsto e já trabalha para lançar Orleans Brandão como candidato à sucessão — isolando completamente o vice.

No tabuleiro político, Camarão ficou sem espaço. O PT, partido do vice, sinaliza que pode apoiar o grupo de Brandão para manter cargos e influência no governo. Assim, a única alternativa realista para Camarão seria disputar uma vaga na Câmara Federal. E, ainda assim, corre sério risco de não se eleger, já que perdeu o respaldo de quem controla a máquina estadual.

O roteiro perfeito para a sucessão se tornou, para Camarão, um labirinto político — e um caso exemplar de como a falta de prudência pode transformar o herdeiro natural em figurante de luxo.

Além disso pesa contra Camarão a desconfiança tanto da direita quanto da esquerda, o que o faz ficar sem rumo político. A esquerda não confia nele porque veio da direita. E a direita não confia porque ele tá na esquerda.

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